“If we knew what it was we were doing, it would not be called research, would it?”
Albert Einstein
TL;DR: Notas e recomendações de leitura sobre assuntos que cabem no guarda-chuva da metaciência. (última atualização: set/21)
Reprodutibilidade
Meu interesse dos últimos anos circulou em torno de reprodutibilidade nas ciências biomédicas, canalizado pela minha participação na equipe coordenadora da Iniciativa Brasileira de Reprodutibilidade. A própria ideia de metaciência surgiu como resposta à uma suposta crise de reprodutibilidade – não acho que é uma crise, mas definitivamente tem um monte de coisas pra gente aprender sobre como a gente faz ciência. A Iniciativa (assim como vários outros grandes projetos pelo mundo) tentam estudar reprodutibilidade mais sistematicamente, repetindo experimentos já publicados.
Esse movimento gerou dois congressos, as palestras estão online (e os temas vão bem além de reprodutibilidade): edição 2019 e 2021.
Recomendo descrições da concepção de ciência ideal na origem da metaciência (Scientific Utopia I, II e III) e manifestos por ciência reprodutível como introdução. Vale ler o paper tipicamente creditado como gatilho pro início da metaciência (por razões históricas, não é um ótimo paper de um ponto de vista metodológico/conceitual). Existem também boas descrições da história da metaciência e do contexto em torno.
Revisão por pares e sistema de publicação
Muito da metaciência também tem a ver com repensar a comunicação científica, o sistema de publicação e como a gente faz controle de qualidade. Eu sou fã de peer review pós-publicação (deixe um comentário em um preprint) e de não tomar o “selo” da revisão por pares pré-publicação como um sinal ritualístico de que agora o achado é real ou que o trabalho não pode mais ser discutido. Isso implica também uma mudança no papel que os journals cumprem para a comunidade científica. Acho que um bom resumo dos problemas tá nesse artigo recente. Também sou simpático a iniciativas como PreReview, Peer Community In e Peeriodicals.
Translação
Translação é o nome dado ao processo de ter um achado da ciência básica que vira uma aplicação em saúde, que “traduz” da bancada para a prática clínica. Eu tenho uma impressão antiga de que esse processo não funciona muito bem. Existem tentativas de estimar o tempo desse processo, de formalizar os estágios. Atualmente, venho pensando num jeito de reconstruir a história de aplicações clínicas a partir da rede de citações ou os anos das referências.
Organização da ciência
Recentemente, tenho me interessado pelos modos de organização institucional da ciência. Isso foi em grande parte inspirado por esse livro. Isso passa por como organizar a ciência biomédica pra ser mais reprodutível (o que talvez exija mais coordenação entre grupos), para avançar teoricamente ou para ser mais conectada com a demanda. Acredito que existe muito pra explorar em termos de arranjos institucionais e de fomento, da organização de laboratórios e da formação de cientistas.